5 de março de 2011

Senhora de prata

E estava ali, como que pousada, a mulher das tranças de prata.

Estava no mesmo sítio que eu, quem sabe com o mesmo propósito.
Destacava-se pela prata nos seus cabelos que contrastava com a meninice que transpirava.
Não a conhecia de lado algum, nem passei a conhecer nesse dia.
Não a ouvi falar, não sei nada sobre ela.

Mas ficou-me cá dentro; e tinha de a partilhar. Porque tinha tranças de prata, e porque parecia uma menina.
Porque parecia estar ali pousada, e não de pé num canto da rua.
E parecia que ia voar a cada momento, ou espalhar pós de perlimpimpim.

Estivemos no mesmo sítio, à mesma hora, a fazer a mesma coisa.
Mas suspeito que não tínhamos nada em comum.
Não faz mal, senhora de prata; basta-me admirá-la por um momento.

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